Cultivar o bem estar
Ao longo da minha vida adulta, tenho passado por fases cíclicas de me sentir verdadeiramente bem e outras em que me sinto mal, triste e com menos esperança. Ao olhar para o caminho vejo que sou abençoada com um farol interno bem forte, um verdadeiro norte que me guia. E mesmo que tente inconscientemente tapar estes sinais, a minha bússola interna grita-me ao ouvido se estou alinhada ou não com o meu caminho. Mesmo quando parece não ser conveniente
Ao longo do percurso, tem havido muitos momentos de desafios mais exigentes e sobretudo com mais responsabilidades. E foi nessas fases que aprendi a repetidamente ignorar o meu bem-estar, como se não fosse tão essencial para mim. Focar em sobreviver, esquecer o prazer. A questão é que a alma e o coração não sobrevivem assim. O corpo também não, mas aguenta muito mais tempo. A alma corre o risco de hibernar para sempre se não for resgatada.
Por mais que soubesse onde não estava o meu norte, em várias ocasiões, o ruído externo dominou o meu dia-a-dia. Quando isso acontece, frequentemente sentimentos de insuficiência e tristeza infiltram-se, e os pensamentos transformam-se e tornam-se menos saudáveis. O meu bem-estar pleno, que sempre valorizei, fica em terceiro, quarto, quinto plano.
Cada vez que me dou conta dessa falta de conexão, embarco numa jornada para reencontrá-la. Às vezes uma curta e simples viagem, outras vezes mais longa e imprevisível. E neste processo, percebi que, por vezes, preciso de pedir ajuda. E mesmo que não seja não preciso, é bem mais fácil e agradável fazê-lo. Amigos, família, terapeutas, mentores. Seja para obter uma perspectiva externa, para aprender novas ferramentas de autocuidado ou simplesmente para ter alguém com quem partilhar e descobrir o significado das emoções. Pedir ajuda tornou-se uma parte valiosa do meu treino para cultivar o bem-estar contínuo.
Nesta fase de crescimento em plena vida adulta cada vez mais percebo que é mesmo um treino. Escolher conscientemente uma e outra vez. Cultivar é a palavra. Semear, cuidar, investir. Ajustar, adaptar. E ver as raízes, os caules, os troncos, as folhas e os frutos crescerem. Numa dança entre conexão com o solo e o crescimento em direção ao céu.
E, ao fazê-lo, tudo à minha volta parece florescer junto. O mundo ganha cor, a sincronia da vida aparece em todos os detalhes e eu sinto-me cada vez mais plena.
Ainda que mantendo desafios, tristezas, problemas. O bem-estar quando cultivado, permanece. Bem-estar, estar bem. Mesmo triste posso estar bem. Mesmo preocupada posso estar bem. É um estado de segurança, aceitação, contentamento, esperança, fé, tranquilidade. É um “está tudo bem” completo, sereno e maduro.
E neste percurso aprendo todas as vezes que, embora o meu norte interno nunca se perca, é vital estar atenta ao cuidado comigo mesma, ao meu sentir, nas pequeninas coisas, nas grandes coisas. É o meu bem-estar que permite que eu viva em harmonia, e que floresça mesmo no meio do caos. E nesse estado, que transforme os desafios em oportunidades.
É o verdadeiro bem-estar interno que nos sustenta, nos dá alegria e nos permite viver em plenitude.
O que fazes para manter a conexão com o teu bem-estar?