Luto
Luto, tem tanto de assustador como de necessário.
Disseram-me e acredito que cada um se torna o maior especialista no seu próprio processo de Luto. Porque saber verdadeiramente, só vivendo, só passando por todas as fases. E não posso afirmar com segurança o que é para todos, para outros.
Mas posso partilhar, de quem viu e viveu muitos lutos importantes. Há muita mudança. Há mudança de quem somos, do que sentimos como porto de abrigo, de horizontes, de visão. Da nossa casa interna. Parte de nós dilacera-se, esvai-se, transforma-se.
Os sentidos externos não sabem o que esperar. O sentir interno procura rumo.
Há fechar, há espaço que não quer espandir. Para mais tarde talvez poder abrir de uma nova forma, a um novo mundo.
A fé parece salvar. A fé no futuro, nas opções, na rede de apoio, nas coisas terrenas e nas não terrenas. O que faz sentido a cada um. O que suporta na ausência do que suportava.
E como em todas as transformações, há renascimento. De pessoa, de objetivos, de intenções, de comunidade. Há oportunidades no meio da dor. Há sofrimento e há esperança. Há caminho. E quando parece que não há, lembremo-nos que há mãos que seguram a nossa e nos indicam por onde ir.
Respirar e confiar.
Sentir, deixar estar, respeitar e seguir quando for tempo.
Somos muitos, somos um.